
Os líderes dois oito partidos com assento parlamentar estiveram esta segunda-feira frente a frente no Debate da Rádio, no segundo dia de campanha para as eleições legislativas de 18 de maio. O caso da empresa da família do primeiro-ministro, o apagão elétrico da semana passada, o estado da Justiça, a Defesa, a eutanásia e o pós-eleições foram temas que marcaram o debate entre Luís Montenegro, Pedro Nuno Santos, André Ventura, Rui Rocha, Paulo Raimundo, Mariana Mortágua, Rui Tavares e Inês Sousa Real.
Spinumviva, o campo da ética
O debate começou na ética, com o caso Spinumviva a dominar os ataques. Luís Montenegro defendeu-se, garantindo que a venda das suas quotas na empresa familiar foi “juridicamente intocável.” Mas Pedro Nuno Santos atacou: “Quem mistura negócios com política não pode ser político.”
Rui Tavares, do Livre, reforçou, dizendo que a empresa “continua a ser um potencial veículo de influência.” Inês de Sousa Real acusou Montenegro de transformar “um problema pessoal num problema do país.”
Apagão, o campo da crise
O apagão nacional de 28 de abril foi outro campo de confronto. Luís Montenegro justificou o atraso no envio do SMS de alerta, dizendo que comunicar cedo demais “criaria falsas expectativas.” Rui Tavares criticou, lamentando que “a população podia ter ganho dez horas de avanço” se fossem usados sistemas alternativos. André Ventura, do CHEGA, foi ainda mais direto: “Foi pura incompetência.”
Também Inês de Sousa Real, do PAN, apontou falhas na resposta, comparando-a ao “atraso na resposta à crise climática.”
Soberania energética, o campo estratégico
O debate avançou depois para a soberania energética. Paulo Raimundo, da CDU, defendeu que “os setores da energia, comunicações e emergência não podem estar nas mãos de privados ou estrangeiros.”
Mariana Mortágua alertou para “o risco de dependermos de uma oligarquia americana que controla a Starlink e os cabos submarinos.” Rui Tavares descreveu o apagão como “um alerta sobre a vulnerabilidade estrutural.”
Estabilidade governativa, o campo das alianças
A estabilidade do próximo Governo foi objeto de disputa. Luís Montenegro acusou o PS de “não aceitar estar longe do poder.” E o líder socialista, Pedro Nuno Santos, afirmou que o PS quer “formar um Governo alternativo.”
André Ventura garantiu que “não haverá maioria de esquerda” e posicionou o CHEGA como líder de uma maioria de direita.
Mariana Mortágua, do BE, alertou para “mini-ciclos de governos instáveis.” Rui Tavares avisou para “um país em suspenso durante um ano” sem apoio parlamentar.
Justiça, o campo da reforma
Luís Montenegro criticou os “megaprocessos”, defendendo prazos mais curtos e reformas administrativas. Pedro Nuno Santos propôs acabar com os recursos suspensivos e reduzir as custas judiciais.
André Ventura exigiu “uma justiça forte e atuante”, mas sem interferência política. Mariana Mortágua alertou para “as tentações de interferência política” no Ministério Público.
Defesa, o campo europeu
A criação de um imposto europeu para financiar a Defesa dividiu a esquerda e a direita. Luís Montenegro e Rui Rocha rejeitaram mais impostos.
Pedro Nuno Santos defendeu a emissão de dívida europeia. Rui Tavares reforçou que “a União Europeia tem pouca dívida e espaço para crescer.”
Mariana Mortágua criticou: “É irónico pensar em dívida agora, quando nunca foi ponderada para ajudar quem passou fome.” Paulo Raimundo rejeitou: “Financiar a loucura da guerra? Connosco não.”
Eutanásia, o campo da consciência
O debate fechou com o tema da eutanásia, que viu algumas normas serem chumbadas pelo Tribunal Constitucional.
Apenas Luís Montenegro e André Ventura defenderam um referendo.
PS, Iniciativa Liberal, Livre, BE, PCP e PAN recusaram essa via, defendendo que o Parlamento deve legislar diretamente.